A Casa em Rothenburg
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A Família que fugia

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A Família que fugia  Empty A Família que fugia

Mensagem por Admin Seg Ago 03, 2020 11:05 pm

Era tarde, a lua estava alta, as ruas vazias quando chegaram naquela carroça enfeitada com adornos de palha e flores parecendo bonecos feitos para a criança que dormia embrulhada em farrapos nos braços aconchegantes da mãe na carroceria, um homem jovem conduzia os cavalos junto a uma senhora que cambaleava a cabeça pelo sono e cansaço com pedaços de palha em suas mão que tecia um novo enfeite.
Eles pararam na estalagem, buscavam o mesmo que todos os outros que ali estavam, não eram diferentes de qualquer outra família que já passou ou iria passar.
_Olá! - gritou o homem enquanto tocava o sino pendurado ao lado da porta - Buscamos uma refeição e um lugar para dormir!
Uma mulher abriu a porta, a filha do dono da estalagem abriu a porta para a família, uma conversa rápida e deu permissão para entrarem, a mãe com a criança nos braços junto da senhora, o homem conduziu a carroça ao seleiro que voltou carregando duas sacas de pertences.
Seu nome era Deneer, altura acima da média, seus cabelos eram marrons e enrolados caindo uma mecha por cima do seu olho direito de cor verde que causava um contraste a cor castanha do seu olho esquerdo, era forte como um homem que trabalhou desde a infância com ferramentas pesadas, levava sua família a fazenda de seus pais, a senhora era sua sogra chamada Apolline, sua coluna já não suportava o peso da própria cabeça que caia para frente, seus olhos estavam vermelhos pelo cansaço do tempo e seus dedos pareciam galhos de arvore que saiam das mangas compridas e largas do vestido que usava, um vestido preto pois acabara de torna-se viúva e foram busca-la para não viver sozinha em sua vila.
Dener era casado com Mika, uma mulher alta para os padrões da região, se tentassem adivinhar não dariam menos de oito palmos e meio, seus cabelos eram castanhos e seus olhos escuros como a sombra de uma arvore quando o sol brilha ao meio dia, suas roupas eram de homem, compreensível, deve ser difícil encontrar roupas femininas para uma mulher desse tamanho em lojas baratas, um vestido que caiba nela apenas por encomenda. A criança era um menino de seis anos chamado Petrus, o filho caçula da família, era pequeno, mais que o normal para sua idade, apresentava um tipo de deformação nos membros inferiores, eram tortos e retorcidos, o tipo de mal formação que faz crianças recém nascidas desaparecerem na floresta.
Era o terceiro dia desde a chegada da família vila de Rothenburg, eles não tinham dinheiro para pagar pelos suprimentos que precisavam para a segunda metade do caminho, assim trocaram os custos de comida e hospedagem por 5 dias de trabalho na estalagem para Mika e 4 dias de trabalho na forja para Deneer.
Dener trabalhava durante o dia com o ferreiro enquanto Mika cuidava da criança e da mãe, no turno da noite eles trocavam de turno deixando os cuidados das crianças e idosos ao pai enquanto a mãe trabalhava na estalagem fazendo serviços de limpeza e atendimento na taberna. Quando chegava a hora da troca de turno, Deneer não apareceu, Mika foi tomada por uma preocupação mas esperou seu marido retorna, Apolline sugeriu que fossem procurar por ele, já era noite e assim que saíram da viela e tiveram visão das ruas da cidade, Deneer apareceu correndo, sangue escorria pela sua testa e suas mão estavam vermelhas como se tivera acabado de matar um porco com uma faca de um palmo de comprimento.
Ele agarrou a mulher e a velha pelos braços e gritou:
_Corram! Eles estão vindo!
Ao olhar de relance por cima dos ombros Mika pode ver pelo menos doze pessoas armadas com enxadas e forquilhas correndo atrás de Deneer, ela acompanhou o marido carregando Petrus sem conseguir se expressar para saber o que estava acontecendo, sua mãe tentava correr aos tropeções e não conseguia respirar direito enquanto se movia o mais rápido possível tomada pelo medo das tochas e lamparinas que acendiam em suas costas.
Eles correram para a floresta, tentaram se esconder, quando pensaram em se esconder entre os trocos de arvores puderam escutar os latidos dos cães. Correr era a única opção naquele momento, Mika gritava com Deneer:
_O que aconteceu!? O que você fez!?
_Nada! Eu juro, foi um acidente!
Os olhos velhos da senhora avistaram uma casa sobre o ombro de Deneer logo a frente, ela apontou e gritou com o resto de folego que já não tinha:
_Ali, santuário, vãos ali!
Deneer mudou de rumo e foram em direção a casa, ao se aproximarem foi possível ver que a casa parecia abandonada, era alta e bem reforçada, a aproximação da multidão que cresceu e o som dos latidos mostraram que ali poderia ser uma refúgio, para se protegerem até os ânimos baixarem.
As trancas funcionavam, haviam grades nas janelas, espadas e machados empoeiradas nas paredes, ali seria o seu abrigo, seu ponto de defesa para proteger sua família, Deneer se preparou para lutar enquanto tentava se explicar, assim queria, assim planejou, pelo menos antes da primeira tocha voar pela janela da cozinha, uma lamparina se quebrou no alpendre da sala e outro na varanda do quarto.
A multidão olhava enquanto a casa ardia, durante alguns minutos foi possível ouvir os gritos, as portas estavam trancadas e as janelas do segundo andar estavam lacradas com tabuas, as cortinas queimavam e as janelas da sala pareciam lareiras em um dia frio. No começo os gritos vinham de vários cômodos diferentes, dos três andares, deveria ser o eco, os gritos de Deneer e sua família ecoando pela casa, os pedidos de ajuda vieram por vários minutos, mas a casa estava lacrada por dentro se tornando uma armadilha para Deneer e sua família que ficaram presos.
A casa queimou, a noite toda ela queimou, e quando a chuva veio pouco antes do sol aparecer o fogo se cansou, mas a casa ainda estava lá, do mesmo jeito que estava antes do incêndio, andes de Deneer entrar, intacta. Dois homens forçaram a entrada para ver por dentro nada avia acontecido, nem sequer um arranham, mas um cheiro de queimado na casa que vinha de dentro chamou os homens que com o suor no rosto entraram e encontraram Denner e sua família, eram quatro corpos queimados que se abraçavam no chão da sala de estar.


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